Conhecimento a partir de Heráclito e Parmênides
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Os primeiros filósofos tinham uma preocupação na forma de como se dava o conhecimento, Heráclito e Parmenides foram dois grandes filósofos que se diferenciavam com relação a verdade e o conhecimento. Heráclito acreditava que tudo não cessa de se transformar perenemente, portanto, via o conhecimento mediante a dois aspectos, primeiramente o conhecimento dos nossos sentidos e, por segundo, o conhecimento que o nosso pensamento alcança, o primeiro nos oferece a imagem da estabilidade e o segundo alcança a verdade como mudança contínua. Parmênides diferentemente de Heráclito acreditava que o conhecer é alcançar o idêntico, o imutável, para ele o conhecimento é gerado pelo entendimento daquilo que o ser é em sua identidade profunda e permanente, em sua identidade imutável.
A criação Pelasgiana
No começo a grande deusa Eurinome, surgiu do vazio e não tinha nada em que dançar senão o oceano, que ela separou do céu. Quando bailou virada para o sul, seus movimentos criaram o vento Norte, que ela esfregou nas mãos para formar a grande serpente Ofíon. À medida em que a deusa continuou a dançar, com vitalidade crescente, a serpente escitou-se e acasalou com a sua criadora. Depois disso, Eurínome transformou-se numa pomba e acabou gerando um ovo primevo da criação. Ordenou que Ofíon se enroscasse sete vezes em torno do ovo, para chocá-lo. Foi o que fez a serpente, e daí brotou toda a criação – O Sol, a Lua, as montanhas e os rios, todos filhos de Eurínome. O casal primevo mudou-se para o monte Olimpo, mas Ofíon irritou-se com as bravatas de sua mulher e tornou-se ameaçador. Eurínome recusou-se a aceitar as ameaças e, depois de ferí-lo na cabeça, com seu calcanhar e de lhe arrancar os dentes a pontapés, exilou-o nas profundezas subterraneas . A deusa criou então os Titãs e as Titânides, bem como o primeiro homem, Pelasgo, origem dos pelasgianos que veio das terras sombrias da Arcádia e ensinou a seus seguidores a sobreviverem no mundo (baseado na versão de Robert Graves)
Este é um dos diversos mitos que relatam a respeito da criação, é um dos mitos mais antigos que possuímos a partir da invenção da escrita, até o século VIII, Eurínome teve a primazia no culto em Delfos, e este mito retrata a humanidade no período Paleolítico, aonde o ato sexual não era associado a gravidez e as culturas não tinham conhecimento sobre o papel reprodutor do homem, acreditava-se que ganhavam bebes por si próprias, ou através de picadas de insetos, determinados tipos de comida, etc.
O que me chamou a atenção foi perceber a semelhança entre este mito e uma passagem bíblica relatada em Genesis 3.15: E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.Nesta passagem é exposto as conseqüências do pecado original ao homem, no texto, a inimizade acontece entre a mulher (Eva) e a serpente (Lúcifer), a partir do momento em que a mulher comeu do fruto proibido e seduziu o homem também fazê-lo, se tornaram mortais. Nota-se que, no mito de Eurínome a relação entre a mulher e a serpente é uma relação muito próxima, mas não pouco conflituosa, de semelhante modo ocorre em Genesis, a serpente conseguiu seduzir Eva, porém, recebeu por isso maldição. Posteriormente o cristianismo vai explicar que a mulher referida no texto teve seu cumprimento máximo na pessoa de Maria, mãe de Jesus, e o nascimento de Cristo se refere a semente gerada por ela.
Fedro - Platão
A primeira parte do livro traz em um primeiro momento, uma critica ao amoroso e também ao amor, dentre os axiomas contidos estão as idéias de que o amoroso é um louco que se deve desconfiar, que o aperfeiçoamento moral do amado é tornado como impossível por aquele que é amoroso, também ressalta que no relacionamento há a inconstância daquele que é amoroso e a constância daquele que não o é, evidenciando um, sendo levado por seus impulsos e o outro preso pelo seu amante, comenta sobre o ciúme do amoroso isolando completamente aquele que o ama tornando o amante desagradável por sua presença cotidiana e pela exigência que faz do amado.
Depois desta critica, há uma distinção entre as tendências ou formas particulares do desejo (inato ou adquirido), bem como o princípio que o determina (instinto ou razão) (237d-238c). O amor é então concebido em função de seu caráter irresistível, de sua força destemperada. Desse modo, há uma crítica ao desejo, tornando a potencia de Eros, por definição, condenável ou censurável, esse fator é utilizado para justificar a paradoxal defesa de Lísias de um Eros sem amor.
A partir desta subestimação do desejo e do amor do amante, inicia-se o Segundo discurso socrático. A refutação socrática do discurso de Lísias que condena o amor-paixão e defende um amor sem amor, se desenvolve no sentido oposto e pretende demonstrar que o delírio e a possessão divina representam antes um benefício ou um dom. Dádiva dos deuses e fonte de sabedoria, a loucura divina se distingue da loucura vulgar, cuja causa é devida às doenças do corpo. É da mania (desejo) divina que provém nossos maiores benefícios: é ela que inspira as profetizas de Delfos e as sacerdotisas de Dódona, concede, pelo elogio dos poetas, a imortalidade dos heróis (244a-245a). Reconhecendo o amor como um delírio procedente de Eros, divina loucura, considera-se nisso signos da graça de um deus e, igualmente, um benefício (245c). Todo o segundo discurso socrático visa, com efeito, relacionar os benefícios e as virtudes que decorrem, naturalmente, da inspiração erótica, com isso não há uma critica ao desejo, mas sim, uma nova concepção do mesmo mostrando que o desejo, que define o amor, pode contrariar voluntária e deliberadamente o apetite. O desejo, que “resiste” ao apetite, já indica a existência no interior da alma de outro princípio de determinação. O próprio discurso de Lísias ao se pretender “resistente” ao apetite já reconhecia implicitamente a possibilidade de outra forma de amor. Sócrates também no seu discurso se preocupa em fazer uma conceituação da Alma ressaltando que é a partir da Imortalidade da Alma onde se extraem os fundamentos para considerar a natureza das ações e afeições. A imortalidade da alma se verifica a partir da noção de movimento (kinesis), Definida como “aquilo que se move a si mesma” (autokineton) (245c), a alma, pode ser concebida como um princípio (arché).
O princípio não corresponde sempre a algo que nunca começa a existir, ao contrário, é algo a partir do qual começa a existir tudo aquilo que existe. A título de princípio da geração (gênesis) e do movimento, a alma é, por conseqüência, incorruptível, ou seja, imortal (athanatos) (245d).
Sócrates defende que a alma é, também, um princípio epistemológico, potência espontânea que faz pensar. O próprio conhecimento é uma função privilegiada da alma na medida em que deriva dessa atividade ou movimento da inteligência (nous) que consiste em retornar (recordar) à natureza constitutiva das coisas.
Pelo seu equivoco, Sócrates sente-se obrigado a realizar uma retratação (palinodia) à profanação realizada em seu primeiro discurso, trazendo desta forma um novo entendimento do amor mítico. Ele defende que Eros age sobre a alma humana impulsionando-a “em direção à busca de uma satisfação que transcende a experiência terrestre”. O discurso filosófico sobre Eros implica considerar a dupla natureza do homem e explicitar a natureza da alma, seus estados e atos, a sua relação com o corpo. Eros portanto, passa a ser tornado como filósofo, como aquele que se endereça a verdade. Também relacionando o amor com a divindade, Sócrates expressa que cada homem escolhe, o amor segundo o seu caráter e em função daquilo que pôde outrora contemplar, do mesmo modo, considera o objeto escolhido a partir da imagem que tem da divindade (252d). É sob o signo e à imagem das diferentes divindades que se apresentam as diferentes formas de amar.
Sócrates conclui o diálogo com a apresentação daquilo que entende como amor ideal, que em seu entendimento é o amor do filósofo, é nele aonde a melhor parte da alma sai vitoriosa, é um modelo de virtude ou de excelência, correspondente ao modelo de vida exemplar. Constitui-se de um convite ao amado para que abandone sua condição de objeto e se torne, ele também um sujeito ativo (amante). A afeição que o amado nutre pelo amante deve, igualmente converter-se nessa “afinidade” (philia) pela sabedoria (sophia) e nesse amor pela verdade, diz-se: philosophia. O amado deve tornar-se, à semelhança do amante, um amigo da sabedoria e um amante da verdade, um filósofo. O Eros filosófico, pela reciprocidade que exige, faz nascer um anteros, um contra-amor que se origina no amante, mas que faz confluir ambos em direção à verdade. O amante-filosófico, aquele a quem se deve ceder, reflete a imagem do amado e este como em um espelho vê-se refletido a si próprio e acaba por ceder a esse amor e a seus fins elevados (245d - 256a). A sabedoria do filósofo consiste, com efeito, em conjugar o intuitivo e o racional e em saber que a verdade não se liga a nenhum conteúdo particular e não se reduz a nenhuma fórmula especial.
Ao lermos o livro, percebemos que Platão, utilizando-se do dialogo entre Fedro e Sócrates consegue trazer um entendimento inovador no que se refere a relação entre; amor, amante e amado, aplicando o método dialético pela contraposição entre um discurso mítico e racional até o momento que chegam ao dialogo tido como filosófico, apesar disso, Platão não deixa de lado o caráter mítico do amor, percebe-se no dialogo que o mito não é só passivo, mas dialoga ativamente com a razão também.
Platão deixa claro que, a verdadeira função da filosofia é educar a alma: A verdadeira retórica, consiste em educar a alma através do viés da verdade, não levando em conta desejos particulares, por isso Platão indicou uma nova pedagogia a filosofia, tendo em vista conduzir a alma e torná-la melhor, ele considera que o fato de educar a alma não pode ser dado mediante a uma analise ou definição, conceitos, apenas através de uma mediação por imagens, há com isso um paradoxo, aparta-se da matéria e ao mesmo dela participa-se com ela.
Observamos também que Platão, com relação ao amor filosófico, define o amado possuindo uma ação ativa na relação indo em direção ao amante, o jogo dos contrários a sedução faz com que os dois mantenham a relação, mas isso não faz com que tenham ausência de seus papeis, ambos se preservam em seus estados mas são misturados em Amor, não se pode pensar em um sem ligação a outro.
Refutações Sofísticas
Ele se preocupa também em subdividir os argumentos empregados na discussão, para ele existem os: instrucionais; que são aqueles que raciocinam a partir dos princípios relativos a cada assunto e não das opiniões do locutor, os dialéticos que são aqueles que raciocinam a partir de premissas comumente aceitas, contraditoriamente a uma tese dada, os examinacionais que são aqueles que raciocinam a partir de premissas que são aceitas pelo locutor e que qualquer um que pretenda adquirir conhecimento do assunto está comprometido a pensar através da maneira que o assunto foi definido, por tanto consiste no contra-argumento, e os contenciosos que são aqueles que raciocinam ou aparentam raciocinar para uma conclusão a partir de premissas que parecem ser comumente aceitas mas não o são, se colocam então como uma falsa aceitação de idéias.
Diante disto, Aristóteles expõe metas que polemizam a aceitação de idéias, esses alvos são levados a cabo por aqueles que argumentam como competidores e rivais tentando levar o seu opositor para diferentes conclusões, as metas são: refutação, que é o argumento que invalida uma opinião, a falácia, esta que constitui-se de argumentos que parecem verdadeiros, opinião extraordinária (paradoxo) meta que visa deixar evidente um argumento correto mas que tem como conclusão um argumento errôneo, o solecismo que interessa em fazer o responsável discursar em termos rudimentares ou incultos (expressão não-gramatical), e por fim a meta de reduzir o interlocutor a redundância.
Aristóteles então informa que há duas formas de refutar; a primeira é aquela que tem relação com a linguagem e a segunda aquele que não tem essa relação. Na primeira forma, há uma divisão entre: homonímia (a equivocação), a ambigüidade (o que pode ser entendido igualmente em duas acepções), a combinação (quando as palavras só fazem sentido quando estão combinadas, a divisão (quando a frase dividida, não propõe o mesmo significado, mesmo quando é tomada como um todo), a prosódia e a figura de linguagem (o que não é o mesmo é expresso da mesma forma).
As refutações que não se reportam a linguagem são identificadas pelo autor em sete causas: as ligadas a falsa equação do sujeito e do acidente, que consiste na adição do atributo de uma coisa a cada um dos acidentes daquela coisa, aquelas nas quais uma expressão é empregada absolutamente, ou não absolutamente, fazendo com que predicados opostos possam ser utilizados de forma similar, as ligadas à ignorância da natureza da refutação, onde não fica definido de forma clara o que é a refutação, aquelas ligadas ao conseqüente, ocorrem quando há uma conversão falsa do conseqüente, as ligadas à suposição do ponto original a ser demonstrado; quando se quer provar o que não é evidente por si mesmo mediante a ele mesmo, as de confusão da causa com o que não é causa, como ocorre nos argumentos retóricos, procurando por contradições entre as opiniões do respondente e ou suas próprias afirmações ou as opiniões daqueles cujas palavras e ações ele admite estarem corretas e por fim, a causa gerada pela reunião de várias questões em uma, ele aponta a proxilidade como recurso para a construção de uma refutação, neste sentido afirma que a refutação está relacionada também a rapidez, a ira e o espírito de contenda.
Aristóteles conclui refutações sofisticas trazendo em pauta a discussão das fontes das questões e do como devem estas ser formuladas nos argumentos litigiosos. Ele coloca como objetivo tratar da resposta, de como são produzidas as soluções, de quais são seus objetos e a qual propósito tais argumentos servem, sua advertência é de que devemos argumentar com plausibilidade e fazer isso com a verdade, resolvendo as questões em conformidade com a verdade.
O texto traz de forma bastante sistemática vários elementos importantes no tocante a refutações, embora haja a subdivisão constante de formas, ele se faz importante para a analise e argumentação frente a diferentes refutações empregadas em textos filosóficos.