Teoria aristotélico-tomista do conhecimento humano das coisas

domingo, 15 de novembro de 2009


O conhecimento humano aristotélico-tomista começa tendo como base o fato de que a sua origem se dá mediante a faculdade sensitiva, pois tanto para Aristóteles quanto para Tomas de Aquino, é natural ao homem chegar, pelos sensíveis, aos inteligíveis, porque todo o nosso conhecimento começa pelos sentidos, daí vem o axioma de Aristóteles; Tabula rasa, que significa: folha em branco, mostrando que nada está escrito na alma, e que é a partir das impressões sensíveis e das idéias incorporadas que se constitui o acervo do conhecimento humano. Como Sócrates, a teoria aristotélico-tomista defende a essência das coisas como objeto para a ciência enquanto conhecimento, mas diferentemente de Platão, que a entendia inserida a partir de um mundo a parte; o mundo das idéias; fora da realidade sensível e da inteligível, a teoria aristotélico-tomista entende a essência a partir da sua existência na realidade sensível, compreendendo-a como universal, tendo a sua existência na inteligência e seu fundamento na realidade concreta, entretanto essa teoria defende que não é somente nas coisas sensíveis que o conhecimento intelectual tem suas fontes; não se pode dizer que o conhecimento sensível seja a causa perfeita e total do conhecimento intelectual, ele é antes a matéria da causa desse conhecimento, então se acredita que o conhecimento intelectual se estende para além da experiência sensível buscando alcançar o nível das idéias cujo conteúdo é a essência universal, e isso se dá, pois, enquanto essência existente nas coisas, elas são inteligíveis apenas em potência, para se tornarem inteligíveis em ato precisam ser abstraídas de suas condições concretas, particulares e sensíveis, e isso ocorre mediante a um processo que Tomas de Aquino chama de intelecto agente e intelecto passivo, para entendê-los faz-se necessário a compreensão de Deus em Tomas de Aquino; para ele, somente Deus é ato puro, não está em potência, todos os outros entes estão como todos os seres inteligíveis mediante a potência do ato, o conhecimento que Deus tem é ato puro, conhecendo imediatamente a si mesmo, e simultaneamente todas as coisas pois todas as coisas procedem dele, tem nele sua causa, preexistem em seu intelecto. Ora, não é possível algo passar da potencia para o ato sem ser por um ente em ato, como as coisas estão em potência necessitam de um ente pelo qual as formas da matéria estejam inteligíveis em ato, o nosso intelecto estando em potencia não pode abstrair o inteligível das coisas, estes não estão nas coisas em ato, dessa forma, o intelecto agente, faz a passagem para ato do inteligível e coloca-os no intelecto possível que atualizado pelas espécies inteligíveis gera o conceito ou imagem expressa inteligível, é necessário compreender que; o intelecto agente tem como dever o fato de ser imaterial, o intelecto possível também o é, mas o que faz o intelecto agente ser superior é o fato de que o intelecto possível é essencialmente potencial em relação à atividade intelectiva, e o intelecto agente é essencialmente ativo em relação a essa atividade, então se caracteriza essencialmente por sua atividade imaterial, portanto conclui-se que nada pode ser levado a ato senão por um ente em ato, e é dessa forma que ocorre a passagem do inteligível em potência para o inteligível em ato, abstraindo então da imagem da fantasia à essência universal representada pela idéia, pelo conceito, explicando então o conhecimento humano das coisas a partir da teoria aristotélico-tomista.

Tomas de Aquino e a prova da existência de Deus a partir da contingência do mundo

terça-feira, 10 de novembro de 2009


Para compreender a argumentação referente a prova da existência de Deus por meio da contingência do mundo, faz-se inicialmente necessário a análise da compreensão acerca da eternidade a partir de Tomas de Aquino para ele, seguindo um padrão grego e aristotélico de infinito positivo e negativo, existem duas formas de eternidade, uma eternidade negativa e outra positiva, a primeira é entendida como limitada, incompleta e imperfeita, aquela que não possui toda a perfeição, mas é eternidade enquanto não goza de um início ou término no tempo, possui o ser relativo, não como o ser completo, dessa forma é contingente, pois não tem toda a perfeição não gozando assim da possibilidade de ter em si a razão de si. E a segunda, a eternidade positiva é sem limites, posse perfeita de uma vida interminável, é o puro ser e não pode não ser, é uma eternidade necessária, ela convém somente a Deus.
Entendendo este principio se pode observar que, na eternidade negativa, estão as coisas, o mundo pois é contingente, sendo contingente não tem em si a razão de si, a partir disto é necessário uma compreensão a respeito da essência e da existência das coisas ou do mundo. É importante salientar que a essência e a existência para Tomas de Aquino são coisas distintas, sendo assim, a essência não confere às coisas a existência, fica então um questionamento, quem a confere? Outro ser, este ser que confere existência a uma determinada essência é necessário para que ela de fato exista. Então esta essência que recebeu a existência é contingente porque não tem em sua essência a razão de sua existência mas tem no ser necessário a sua razão de ser. Portanto o contingente vem do necessário, a existência dos seres contingentes então implica o ser necessário. Deve-se ponderar o fato de que não existem somente seres contingentes, e estes não são estendidos até o infinito, pois se assim o fosse não existiria um ser absolutamente necessário, Tomas de Aquino resolve este problema trazendo a idéia de que deve haver um ser necessário por si mesmo, razão de ser de todo o ser contingente, somente ele seria, pura e simplesmente necessário, ele não está na mesma ordem que os demais, é qualitativamente superior. Neste ser a essência é idêntica a existência, tendo então a razão de sua existência a sua própria essência, além disso, ele é a causa da existência dos demais seres. Este ser no qual foi demonstrado a sua existência, todos reconhecem como Deus. Ele não encontra a causa de sua necessidade, mas é a causa da necessidade para os outros.